Classificação
indicativa na TV aberta
A boa e velha classificação indicativa, regida pelo
Ministério da Justiça, atua há muitos anos na TV aberta brasileira com o
objetivo de analisar o conteúdo de determinado programa e, como o nome já diz,
indica um horário apropriado para a sua exibição. Porém o que vemos hoje é
quase um retorno à censura na televisão.
Sugerir um horário para exibição de um programa, apresentando o seu conteúdo e recomendando uma faixa etária, soa como o ideal na teoria, pois na prática o Ministério da Justiça recebe, seleciona e praticamente escolhe o que vai ao ar, através de aspectos e considerações que julgam ter uma obra televisiva. Hoje, vai ao ar na TV aberta o que os promotores escolhem.
Sugerir um horário para exibição de um programa, apresentando o seu conteúdo e recomendando uma faixa etária, soa como o ideal na teoria, pois na prática o Ministério da Justiça recebe, seleciona e praticamente escolhe o que vai ao ar, através de aspectos e considerações que julgam ter uma obra televisiva. Hoje, vai ao ar na TV aberta o que os promotores escolhem.
A televisão tem cada vez mais empobrecida a sua programação.
É difícil manter uma gama de conteúdos interessantes e proveitosos em
determinados horários. No período que compreende as faixas horárias de 06h00 da
manhã e 20h00min da noite, só podem ser veiculadas atrações com classificação
livre ou inapropriadas a menores de 10 anos, um período muito extenso, o que
acaba resultando em programações completamente parecidas entre as emissoras.
Escravos de reprises
Atualmente as redes de televisão Globo e SBT, destinam a sua
faixa vespertina a apresentação de sessões de filmes e novelas, que tem
recebido grande crítica pelos telespectadores devido a reprises exaustivas. As duas emissoras sofrem para selecionar atrações que a classificação permita serem exibidos no horário, e em muitos
casos, conteúdos que não agridem a nenhum telespectador ou totalmente editáveis, podendo ter cenas retiradas sem prejudicar o
entendimento, e que acabam sem ir ao ar. Atualmente,
com a “nova portaria 368 da Classificação indicativa”, apenas 10% do conteúdo da obra já permite a
emissora pôr no ar uma trama, mas em todo caso, correndo o risco do restante
do material conter alguma “inadequação” e a rede ser convidada a retirá-la de
sua grade.
Ainda citando as duas emissoras, no caso da Globo, impede-se
as reprises de novelas de seus maiores sucessos da faixa das 21h00, já que a
grande maioria dos folhetins que foram exibidos neste horário recebem
classificação de “12 anos”, ou seja, inapropriadas para ir ao ar antes das
20h00. Com isso, a título de
curiosidade, “Chocolate com pimenta” e “Da cor do pecado”, folhetins das seis e
sete horas, já foram exibidas três vezes em um curtíssimo espaço de tempo.
Censura?
Já com o SBT, a situação foi mais drástica.
Uma novela juvenil foi retirada do ar após uma personagem ter sido flagrada por
sua mãe comprando drogas e comentando sobre o assunto, mesmo não havendo sequer
uso do entorpecente por parte da atriz na cena, foi o ponto culminante para que
o Ministério da Justiça comunicasse ao canal que em cinco dias a novela deveria
ser transferida a um horário mais adequado, escolhido por eles ou retirada do
ar. Com 80% de seu conteúdo já tendo
sido transmitido no horário das 16h00 da tarde, foi inviável a sua
transferência para após as 20h00. Para que essa decisão seja tomada, a emissora
precisaria ter sido notificada anteriormente, mas que de qualquer forma, não
apresentava conteúdo inadequado, tendo vista que após as reclamações do órgão,
a emissora passou a editar até cenas de beijos. A possibilidade de novelas
inéditas serem exibidas à tarde também é questionada, a novela mexicana “Soy tu
Dueña” , dublada há mais de dois anos, continua vetada de ir ao ar. Esse também
foi um dos fatores que levaram ao fim a sessão de filmes “Cinema em Casa”, eram
poucos os longas liberados para o horário.
Tanta proibição nos faz lembrar os tempos de ditadura e
tenta nos convencer que os produtos televisivos estão mais pesados. Na
verdade há um exagero nos critérios de avaliação de seus conteúdos. Deveria
haver redefinição do que realmente é impróprio e, até mesmo, redução dos horários
permissíveis de agora, pois enquanto a censura prevalecer, perderemos nós
telespectadores, que estaremos sempre “de volta a lagoa azul” em um eterno "vale a pena ver de novo".
Dyego Terra
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