O Fracasso das Novelas ATuais

Seis novelas inéditas vão ao ar diariamente na programação da TV brasileira; quatro na TV Globo, uma no SBT e outra na Record, e apenas uma é considerada sucesso. Uma situação alarmante se levarmos em conta a longevidade e tradição do produto nas telinhas e a paixão do telespectador pelo gênero.
 

Com um alto número de novelas no ar, sem considerarmos as reprises ou as famosas estrangeiras, o que nos levaria a impressionantes onze produções folhetinescas, a TV brasileira nunca viu tanto fracasso de uma só vez, tanto em audiência como em repercussão.

Com baixos índices do “Vale a pena ver de novo” até a renomada “novela das nove”, a Rede Globo não emplaca um produto desde o fim dos sucessos “Cheias de charme” e “Avenida Brasil”. Penúltima aposta para o horário das seis, “Meu pedacinho de chão”, encerrada há pouco mais de um mês não emplacou e repetiu os índices nada animadores da antecessora “Jóia Rara”. A atual “Boogie-Oogie”, no ar há quase dois meses ainda não disse a que veio.

Amargando a pior média de uma novela das sete, “Além do Horizonte”, que acabou de sair de cena, atingiu índices abaixo dos vinte pontos, quando a meta para o horário era de trinta. E o que a emissora pensou ser apenas um resultado isolado, se agravou quando a atual “Geração Brasil”, anunciada como a sucessora de “Cheias de Charme”, usando novamente a temática de interação com a internet e repetindo parte do elenco da coirmã e de “Avenida Brasil”, conseguiu desempenho ainda pior, derrubando drasticamente os índices herdados da atração antecessora.

No principal horário, “Império”, carro chefe da programação da emissora, sofre para chegar aos 30 pontos, e por várias vezes isso só ocorre nos momentos de pico. A antecessora na faixa, “Em Família”, considerada o maior fracasso de todos os tempos, até então, alcançava números superiores. Nas últimas semanas, com o início do Horário Eleitoral, a situação da novela de Agnaldo Silva piorou e viu os seus índices minguarem ainda mais.

À tarde, a situação permanece desanimadora há mais ou menos um ano, época em que as reprises vespertinas sofriam nas mãos das mexicanas do SBT, pois várias delas tiravam a liderança da emissora carioca. Em seguida, Malhação já não agrada e seus índices seguem oscilando para baixo.

Situação pior é da TV Record, “Vitória”, atual produção e aposta da emissora, com elenco e gastos milionários, padece de baixíssima audiência. Além de já ter mudado de horário inúmeras vezes, a produção não atinge repercussão e sofre inúmeras derrotas para o SBT. A novela de CristianneFridman perdeu 95% dos confrontos para “Rebelde”, reprise mexicana do SBT, ficando em terceiro e às vezes quarto lugar no IBOPE. O último folhetim de sucesso da Record foi “Vidas em Jogo” de 2011.

No entanto, chamam atenção os números de “Chiquititas”, produzida e exibida pelo SBT na faixa das 20h30min da noite.  Única trama infantil no ar, com médias sempre acima de dois dígitos e na vice-liderança isolada, além de uma excelente repercussão. Talvez, esteja aí o motivo de seu sucesso, um produto diferente para um público diferenciado que estava longe da TV no horário. A Novela, além de atrair a criançada para frente das telinhas, conseguiu a proeza de unir toda a família. Além das crianças do orfanato, destacam-se o divertido núcleo juvenil e o bem estruturado adulto, garantindo ainda mais telespectadores.

Quando o assunto é faturamento, os pequenos lucram como gente grande. Até hoje já foram mais de 300 produtos licenciados, entre materiais escolares, álbum de figurinhas, brinquedos, artigos para festas e mais de 500 mil cópias vendidas de CD’s e DVD’s. Um verdadeiro fenômeno. O sucesso é tão grandioso que a emissora dará continuidade à produção de histórias infantis iniciada em 2012 com “Carrossel” com o remake de “Cúmplices de um Resgate”, e confirma ainda a intenção de abrir um segundo horário para a produção de novelas adultas.

Na emissora, destacam-se também a faixa vespertina de novelas. Atualmente no ar, “A Feia Mais Bela”, reprise mexicana, quebrou o império do Cidade Alerta, e “Esmeralda”, reprise brasileira, chega a liderar no confronto com a “Sessão da Tarde”, da TV Globo, uma verdadeira surpresa para a Televisão brasileira. A fonte do sucesso das tramas pode ser credenciada a esses produtos diferenciados, com histórias que fogem do mesmo e a renovação de elenco com novos rostos. Pode estar aí o segredo para alcançar grandes êxitos com as novas histórias.

Dyego Terra